terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mesinha de Cabeceira #4

de 22 fevereiro 2010



Hoje trago:
«Um Livro» de Hervé Tullet





Perguntaram-me como faço a minha selecção a cada semana e gostaria de explicar aos nossos ouvintes: Há uma loja de que gosto muito, a Livraria Dharma, onde vou sempre procurar as novidades para fazer esta crónica e a dona, a Carla, permite que traga para casa os novos livros da semana para que analise e faça a minha escolha. Ter os livros comigo em casa é uma pesquisa completamente diferente e gostaria de publicamente aproveitar o ensejo para agradecer à Carla da Livraria Dharma.
Para hoje quedei-me na secção dos livros infantis, particularmente num tão visual que pensei ser um desafio engraçado explicá-lo aqui na rádio, sem o suporte da imagem.
Conseguem imaginar um livro simples que se chama UM LIVRO e que por ilustrações tenha apenas bolas? Vou tentar que o imaginem: começa com uma bola amarela e um pedido – carrega neste círculo amarelo – o que qualquer criança responde com a ingenuidade que nós adultos já perdemos e cinicamente pensamos que nada acontece se carregarmos numa bola amarela numa folha de papel. Mas estamos enganados. A criança carrega e ao virar a página acredita nas duas bolas amarelas que estão previamente impressas. E ao novo pedido na página seguinte estarão três e a criança sorri. Depois há outro pedido que esfregue o círculo amarelo da esquerda. De notar que o adulto compreende que se está a introduzir a noção de lateralização com a brincadeira e ao virar a página, a cor dessa bola mudou. É a noção das cores que aparece com um sorriso e nesse momento a criança tira-nos o livro da mão e acha-o mágico, mas o adulto já se deixou encantar pela brincadeira e não deixa que a criança descubra a etapa seguinte e já estão ambos sentados no chão e este livro, que é apenas um livro com bolas, já conquistou o seu público.
O meu filho já não tem idade para este livro, poderia pensar, mas eu quis brincar com ele e ver a reacção às sucessivas etapas. Carregou, esfregou e sacudiu a cada pedido. Quando tirou o livro das minhas mãos encantou-me e de repente tinha o meu filho pequenino de volta num simples jogo e aquele livro com bolas voltou a fazer magia por uns segundos.
O pedido que mais gostei, é que o livro seja inclinado e todas as bolinhas descaem para o lado esquerdo e depois ao contrário e parecem rebolar para o lado direito. Brincam com o leitor pedindo que toque, esfregue, incline, abane e sopre, com mais força, mais devagar e as luzes apagam-se e acendem e quando se pede palmas e mais força nas palmas as bolas crescem e crescem até quer toda a página seja amarela! E no fim, tal como no princípio, o livro acaba com uma bolinha amarela incitando a que se jogue outra vez.
Eu? Já não o fiz com o meu filho. Perderia a magia de o ter visto bebezinho de novo, mas para quem tenha filhos pequenos, aconselho O LIVRO.
Como nota de rodapé, gostaria de terminar com uma nova editora de livros infantis que apareceu, a Bags of Books Edições, com uma mestria nas ilustrações que me encantou feitas com pedaços de tecidos e botões alinhavados ou papéis recortados fazendo um apelo simpático à reciclagem mas com um grafismo dos nossos dias.




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