sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Luto em vida

Apeteceu-me revisitar este conto do meu livro MAL ME QUERO após ter prestado declarações na esquadra [de violência doméstica] e ter de dolorosamente recordar 9 anos (sim, nove) de situações delicadas (chamemos-lhe assim para não dizer vida/morte) com o meu filho Pedro.
Ter de relembrar e relatar alguns episódios, foi duro. A alma humana é tão generosa ao colocar num cantinho escuro o que não quer voltar a pensar. Recordei este meu livro, escrito antes de toda esta fase acontecer, e que já pronto, resolvi acrescentar esta história. Não é segredo para ninguém que neste conto me inspirei em momentos limite que vivi ao volante do meu pobre carro com o meu filho ao lado a tentar que nos acidentássemos. A realidade superou o que decidi (com)partilhar para as personagens. Já o sentir, esse é muito meu. Pensei que o cantinho escuro me tinha protegido de recordar esses momentos. Mas estão cá.

Mais uma vez apelo, a quem de direito, para que olhe para estas realidades caladas e haja ajuda a estas famílias, muitas vezes contrariamente a mim silenciadas no seu pedido de socorro.




LUTO EM VIDA 


onde se conseguiam contar os 5 pontos sob o penso transparente. Andava a pensar usar franja depois da ferida sarar, ia ficar feio, apesar de todos os amigos a tentarem animar que ia ficar com muito charme.

Quem não estava nada satisfeita era a sua avó Rosalinda, todos os dias lhe pedia para largar aquele emprego, que podia ganhar a vida sem se expor a ser maltratada daquela forma, mas a avó não podia entender que aquele trabalho era muito mais do que ganhar dinheiro para pagar as propinas, o carinho que ganhara a Miguel não tinha fim: era o seu amigo das manhãs! Muito encorpado, com os movimentos tolhidos pela forte medicação que tomava, por vezes não sustinha um fio de baba que vagarosamente escorria para a roupa, sempre alinhada. Fugia frequentemente ao contacto físico e, com o olhar ausente, ficava sentado perto da janela parecendo ver as pessoas na avenida movimentada.



A tarefa de Mónica consistia em ajudá-lo nas tarefas básicas e diárias desde o levantar, a higiene pessoal, preparação do pequeno-almoço e acompanhamento durante a manhã. Era substituída pelo João ao meio-dia. À tarde entrava o Paulo. Eram, ao todo, três estudantes que acompanhavam os dias de Miguel enquanto os pais trabalhavam.
Zé Miguel e Marta adiaram, durante muitos anos, a hora de se tornarem pais, sendo os dois sócios num escritório de advogados, quando finalmente decidiram ficar grávidos, foi uma alegria. Os médicos nunca souberam diagnosticar o que acontecera, Miguelinho era um lindo bebé, simplesmente diferente, mas, aqueles pais, amaram-no incondicionalmente. Refizeram a sua vida em torno do menino e, à vez, iam ficando em casa com Miguel para o acompanharem. Nunca consideraram a hipótese de o internar, adoravam o seu bebé. Com o passar dos anos, foi-se tornando mais complicado e a integração do Miguel na escola foi um drama, ainda assim, lutaram pelo direito que o filho tinha de pertencer a uma escola que se dizia inclusiva e por serem bastante influentes, articulados e, sobretudo, determinados, foram sustentando uma situação com contornos insustentáveis.
Miguel cresceu, era um bebé grande com corpo de homem, muito pesado e descoordenado, mas estes pais continuavam a tratá-lo, a mimá-lo e a conduzi-lo a todas as terapias que poderiam ajudar aquele filho querido. No último ano, foi particularmente difícil quando a escola o resolveu excluir por faltas. Foi uma grande partida da direcção da escola, no sentido em que Miguel estava ao abrigo do artigo 319 * e ainda estava na idade adequada para a frequentar. Realmente faltou um mês em que esteve mais agitado, mas havia um atestado médico e, principalmente porque essa expulsão aconteceu no exacto dia em que, em conversa com a professora de ensino especial, a mãe perguntou como seria no ano seguinte, tendo em conta que a lei tinha mudado e a obrigatoriedade passara dos 16 para os 18 anos. Solícita, a professora imediatamente se encarregou de ir perguntar à direcção da escola... nesse mesmo dia receberam o telefonema com o cortante recado que Miguel estava, a partir desse dia, excluído por faltas.
Sendo os pais juristas sabiam exactamente como levantar o dedo contra o sistema abusivo, mas estando genuinamente cansados desta luta inglória, primeiramente pensaram no Miguel e no seu bem-estar.
Apesar de naturalmente envelhecidos, apesar dos rompantes violentos do Miguel sobre ambos, com especial incidência sobre a mãe, tomaram a decisão de não o internar, ao invés, criaram infra-estruturas em casa, em torno da família, como que uma rede de ajudas que tinham capacidade financeira para pagar, para que Miguel não perdesse as suas referências: Distribuídos por turnos, tinham sempre jovens em casa, geralmente estudantes, para aliviar os pais das tarefas cada vez mais difíceis – dar o banho da noite ou ajudar a vestir e na alimentação – devido ao torpor, ao peso, à descoordenação e à rigidez na locomoção, natural da forte medicação. Ao fim de algum tempo e evidenciado o total desprendimento por Miguel, Marta e Zé Miguel trocavam com frequência a equipa sem que o filho demonstrasse o menor sinal de perturbação.
Até Mónica entrar.
Não se limitava a vesti-lo e dar-lhe de comida. Insistia em falar-lhe sobre todos os assuntos como se Miguel fosse um grande amigo e em algum momento mágico pudesse entender e responder-lhe.
Sem grande espanto, Miguel afeiçoou-se a Mónica como a mais nenhum membro da equipa e os pais reconhecendo esse sinal de esperança, pediram um esforço aos outros elementos, que, de alguma forma, comunicassem com o Miguel, tentando assim encontrar uma luz. Com a chegada do final da adolescência, Miguel estava muito tempo desocupado, sem interesse em qualquer actividade, foi ficando sistematicamente mais inacessível e agressivo.
O único elemento que persistiu, em nunca abandonar aqueles pais dedicados, foi Mónica. Pequena e franzina, foram muitas as vezes que foi até ao hospital – costela partida com um encontrão, um dedo partido e outra vez ainda teve um sério traumatismo craniano.
Claro que batia à Mónica!, e a sua avó Rosalinda reclamava com toda a propriedade. Exasperada, Mónica justificava que era tão pouco o que a atingia, comparando com o que fazia à própria mãe, que inclusive a doutora já tinha tido problemas com a assistente social do hospital que, veladamente, a julgava, pensando ser o marido que espancava a senhora daquela forma. Mónica tentava explicar para que a avó Rosalinda entendesse a mentalidade das pessoas: Em lugar nenhum se acreditava que pudesse ser logo um filho deficiente, um coitadinho, a ser o agressor, que disparatado!, era a senhora a desculpabilizar o marido, só podia ser! Pois claro!, ainda por cima, ambos advogados!, pensam sempre que estão acima da lei!... É uma realidade: no geral, as pessoas apenas viam esta população portadora de deficiência como passíveis de serem vítimas de abuso dos familiares por serem uns alvos fáceis, jamais os agressores! Também é uma realidade que estas famílias abusadas protegem os seus bebés grandes e não contam o que se passa dentro de portas, seja por vergonha ou pela mentalidade do «coitadinho» que ainda grassa por aí; talvez, por isso, não constem das estatísticas de violência doméstica, nem tão pouco as autoridades tenham essa noção.

Sendo a violência doméstica agora um crime público, se um vizinho ligar para as autoridades, perturbado porque ouve reboliço no andar de cima, certamente vai achar que a família está a maltratar a pessoa deficiente e, uma vez com a autoridade à porta, a família encobre com receio do que possa acontecer ao seu ente tão querido. Não é fácil!
Querida avó Rosalinda, para si, as cifras poderão ser nulas ou pouco significativas... mas é como a história das bruxas, nós não acreditamos nelas, mas que as há... há!!!
Mónica continuava a contar que à doutora sim, Miguel atingia forte e feio, sem que se pudesse compreender o porquê, já que era, de todas as pessoas, a que ele mais venerava. Bastava a voz da mãe para Miguel ficar atento e quando entrava na mesma sala parecia esboçar algo parecido com um sorriso. Não era compreensível, mas era mais frequente demonstrar a sua agressividade com a mãe ou com Mónica, exactamente as duas pessoas com quem conseguia alguma débil forma de interacção. Ao longo dos anos Mónica tornou-se confidente da mãe do Miguel, portanto podia descrever à avó exactamente o que aqueles pais sentiam e sofriam por este filho. A avó Rosalinda não conseguia entender como era possível à neta amar uma pessoa que não respondia a um simples sorriso, não podia perceber a alegria de Mónica quando conseguiu que segurasse uma colher – e só o fazia quando comia iogurte de ananás – ou a forma irreflectida como chegava a casa com nódoas negras e dizia que não era nada, apenas porque a mãe tinha apanhado mais.
No mês de Janeiro do ano que Miguel faria 18 anos era necessário deslocarem-se até à Câmara Municipal para dar o nome dele para a tropa. O pai, mais racional, manteve-se na postura de que era uma simples formalidade, mas não era nada simples e transtornou muito a mãe. Então estes pais não podiam ser poupados a um procedimento despropositado que, a haver uma boa comunicação entre entidades, seria desnecessário?
Foi um dia complicado. Marta tinha de levar o Miguel para fazer análises e exames, o que se previa ser uma tarefa fácil, já que o filho gostava do ambiente movimentado do hospital, gostava genuinamente de lá estar. Perto das 9 horas, quando já iam para casa, indignada, ainda pensava na simples formalidade. Deu a volta à praceta e rumou em direcção à Câmara Municipal. Insistia em levar Miguel com ela para dar o nome para a tropa, para poder reclamar junto da instituição, tamanha cretinice.
Nunca lhe tinha acontecido guiar naquelas circunstâncias.
Mais tarde quando pensou, não sabia se teria sido por ter mudado o percurso que perturbou Miguel, se teria simplesmente visto algo que o aborrecera, se teria uma natural dor que não sabia exprimir: era sempre uma angústia tentar perceber o que acontecia ao filho com as súbitas mudanças de humores. Por uma questão de segurança, Marta trancava sempre a porta do Miguel à chave pela parte de fora, ele não suportava o cinto e Marta colocava-o no seu braço direito como se fosse uma alça de uma malinha de mão, porque tinha medo que pudesse saltar em andamento. Não costumava reagir muito, gostava de ser conduzido e apreciava o sol quente na cara, mas nesse dia, fosse porque razão fosse, começou a ficar muito agitado. Absolutamente diferente do comportamento habitual, mexia nos botões todos dos comandos, tentava atingir a manípulo e retirar a mudança ou atingir a chave, pensou Marta com algum espanto, seria para atirá-la pela janela...?, sim o seu dedo indicador esquerdo viajava em cima do botão de controle da janela dele, se assim fosse não a conseguiria abrir. Contudo, a Marta, faltava-lhe mãos para tanta coisa, porque dava jeito conseguir segurar o volante. Claro que ia mais devagar e com todos os sentidos bem alerta, coisa fácil quando se tem a adrenalina a disparar. Ligou os quatro piscas e foi a buzinar furando o trânsito, na medida do possível, mas apenas pôs Miguel mais violento. Naquele momento, só queria que algum diligente polícia a mandasse parar para lhe poder explicar a sua aflição e pedir escolta policial, mas só conseguiu uns olhares contrafeitos ou mordazes de outros condutores que não poderiam imaginar o drama que estava a atormentá-la. Marta encostou o carro o tempo suficiente para pôr o auricular e ligar para Zé Miguel, apesar de saber que àquela hora estaria no tribunal de telemóvel desligado. Arrancou e ligou de seguida para a Mónica. Por essa altura, Miguel já estava bastante colérico e estava a agredi-la. Mónica, ao telefone, perguntava onde estava, para permanecer parada, sair do carro deixá-lo trancado lá dentro... mas Marta só queria chegar a casa e acabar aquele pesadelo. Claro que parar não ia resolver a situação, Marta só queria chegar e acabar a viagem antes que ficasse pior, Mónica concordou. Ficou em linha a dar o apoio moral possível, sentia-se tão impotente!, todo o percurso com ele sempre a ficar mais agressivo, a cada movimento mais brusco, Marta neutralizava com o cotovelo ou com um ombro. A um Aiiii!, ou um NÃO!, de Marta, Mónica perguntava logo o que acontecera, mas Marta respondia apenas: superado. Houve uma altura que se riram porque ouviu-se estridentemente a buzina e Mónica, aflita, pensou que tivesse sido o Miguel, mas Marta confessou que era só um automobilista que queria passar-lhe e estava apenas a ser má ao volante, afinal até lhe estava tanto a apetecer descarregar em alguém!!! A certa altura estava a torcer os dedos de Miguel porque era a única forma de neutralizar as duas mãos e era uma luta renhida pela posse do poder de controlar a situação e se ele tem duas mãos grandes com muita força! Como Marta lhe estava a puxar os dedos para trás, de alguma forma estava a desarmá-lo, Ah!, sim!, era com essas três mãos enclavinhadas, a sua nas dele, que conseguia pôr as mudanças... As pessoas nos outros carros olhavam incrédulos a cena de quase pugilato, mas mais rápido que ajudá-la, julgavam-na: olhavam complacentemente para o pobre deficiente, coitadinho, que estava a ser agredido por aquela senhora má.
A chegada a casa foi já com contornos dramáticos, saiu logo do carro à procura de reforços – só Mónica, que estava à porta, de telemóvel, a reservar um lugar, não ia resultar – teve de vir um jovem vizinho retirá-lo do carro (isso então agora era prática corrente, todos os dias que tinham de sair com Miguel, na sua avenida, já perdera toda a vergonha e olhava em volta a ver a que vizinho solícito iria pedir ajuda).
Depois de o terem conseguido pôr no quarto a dormir, Marta, a quem Mónica dera um calmante, ainda demorou um bocado a descomprimir. Mónica lembrou-se de fazer um chá e convidar o simpático vizinho que não parecia estar com vontade de sair. Havia uma razão. Estiveram à conversa, o que se revelou bom porque a mãe de Miguel, mais relaxada com o efeito da medicação, pôde desabafar um bocado, afinal o vizinho era técnico especializado num Centro com jovens portadores de deficiência e, por conhecer bem demais esta realidade, estava a sugerir o melhor que tinham a fazer (interná-lo). Foi a primeira vez que Mónica viu Marta escutar o que o vizinho contava: talvez pela ressaca da descida da adrenalina, porque o comprimido e o chá a estavam a ajudar a relaxar ou, mais provavelmente, porque falava dos utentes do seu Centro com tanto carinho e dedicação. Deixou-lhes os contactos, disse que poderia explicar o teor do relacionamento com Mónica, que estavam na altura de entrar estagiários, poderiam ir juntos e, caso estivessem interessados, que fossem visitar as instalações. Depois, já mais calma, Marta saiu para ir trabalhar, sem conseguir deixar recado ao Zé Miguel. Parecendo adivinhar, no intervalo, Zé Miguel telefonou para saber como tinham corrido as coisas, parecia que tinham um chip não electrónico, mas sensorial instalado. Internar o Miguel? O desabafo foi brutal. Nunca! Era desistir dele enquanto filho, era fazer o luto em vida!!!
Zé Miguel e Marta sabiam que o curso de Mónica estava a terminar, a vida dela não seria só o Miguel, apesar de afirmar nunca o deixar, Marta bem vira como os olhos lhe brilharam com a possibilidade de estágio, ainda para mais se estivesse com Miguel. Com ou sem Miguel, aquela miúda doce estava a crescer, ia seguir o seu caminho, podiam perder o único elo de confiança que, à partida, poderiam ter numa instituição. Como incessantemente se enfadavam de ouvir de todas as pessoas que os rodeavam – porque não queriam ouvir –, eles não iam para novos, não iam cá estar para sempre com o seu bebé grande... que seria de Miguel se não fossem eles, os seus pais, a delinear, a acautelar atempadamente o seu futuro?

A avó Rosalinda ficou muito esperançada com o entusiasmo da neta. Percebeu que, ainda assim, só iria tentar aquele estágio se os senhores doutores lá colocassem o Miguel, mas já era um passo! A sua neta poderia continuar aquele estranho vínculo que, com os anos, aprendera a respeitar sem nunca ter conseguido compreender e adivinhava que aqueles pais tão extremosos deviam estar de coração partido para conseguirem tomar aquela decisão.


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* -Decreto Lei 319/91, 23 de Agosto. Define medidas de regime educativo especial a aplicar a alunos com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.), dos alunos do ensino básico e secundário.


domingo, 3 de agosto de 2014

Ler Ana Martins

Decidi, depois do Autista, quem...? Eu? colocar os meus outros livros também no formato ebook. Assim sendo agora pode ter-ler o Mal Me Quero e o Evo (ou amar para sempre) no seu computador, tablet ou telefone. E como estamos na silly season, decidi fazer uma silly campanha, à imagem de tudo quanto é tonto de tão claro: Na compra de três livros-ebook, ofereço um deles. Simples. 
Tão simples que chamei a esta Promoção de Verão prosaicamente de 
Ler Ana Martins 





Como fazer para ter acesso aos livros de Ana Martins?

O acesso a cada livro está disponível em duas modalidades
em apenas 3 cliques: (contactar via email - anamartins.com@gmail.com)





Aqui fica um passo-a-passo, tendo por exemplo um dos livros



PRIMEIRO

Após escolher qual dos acessos pretende, efectuar o seu pagamento (tranferência ou paypal), e mandar com o confirmativo, apenas o seu endereço de email. 
Receberá no email o convite para o livro. 
Abra e clique onde diz ACEITAR CONVITE


SEGUNDO

Não esqueça o conselho em letras pequenas: Tem de iniciar a conta google. E outro ainda: aceite o convite rápido, tem prazo, e dentro de dias expira. Mas quer mesmo ler.... então vamos lá, recebe outro email automático e clique, como no anterior, onde diz ACEITAR CONVITE.




 TERCEIRO 

O seu acesso ao livro está concluído em 3 cliques! Viu? Simples!!





Agora já tem acesso directo aos livros por estes links: 
Autista, quem...? Eu?  http://autistaquemeu.blogspot.pt/
Mal Me Quero http://malmequero.blogspot.pt/
Evo (ou amar para sempre) http://evoouamarparasempre.blogspot.pt/ 

ok, agora clicou nestes links e não conseguiu entrar, foi isso? 

Pois. Está reservado apenas a leitores autorizados, os que passaram pelo ponto inicial - o pagamento. Os livros, o trabalho da autora, não é oferta. 

Agora sim, pode começar a ler, no seu telefone, tablet ou computador.
E se for o caso, tenha umas boas férias!!!







sexta-feira, 4 de julho de 2014

Vamos espreitar o primeiro capítulo do livro Autista, quem...? Eu?

Estou muito contente por ter voltado a pôr este livro no mercado. A frase 'a pedido de muitas famílias', aqui, aplica-se. Não esqueci cada um dos pedidos de leitores e fui sempre procurando como poderia ou conseguiria fazê-lo. O resultado está bem catita e deixa-me feliz ver a adesão imediata que teve da parte do público. 
O livro é o mesmo, este é apenas a versão digital a que juntei imagens e sons, já que este formato me permitiu e eu não voltei costas ao trabalho extra.  

Fiz o layout baseado na capa do livro físico e o conteúdo, quem já tem este ebook, diz que está muito giro, apelativo. Pode ver tudo, entrando aqui

Mas melhor que explicar é deixar-vos espreitar, que tal? 
Deixo-vos com um abraço e a visualização do primeiro capítulo do livro "Autista, quem? Eu?" 



Nunca poderia imaginar, apenas com 22 anos, que o meu primeiro emprego, inicialmente temporário, se viesse a revelar tão gratificante, tão essencial à minha vida. 
Sou jovem, solteiro e bom rapaz.
Dizem-me as miúdas que o contraste dos olhos claros no meu tom moreno as mata... mas eu sou basicamente tímido, desajeitado nessas lides e, naquela época, francamente embaraçado pelo meu sorriso com mais dentes do que a minha boca podia suportar. 
Na verdade tudo começou porque queria fazer um tratamento à boca de ortodôntia (que rapidamente me fez granjear a alcunha de sorriso-de-ferro...) mas não tinha dinheiro suficiente para o orçamento cabeludo que o dentista fez e tinha enorme relutância em pedi-lo ao meu pai: dar-lhe-ia razão quando proclamou a sete ventos que a ida do filho para Lisboa para se tornar independente havia sido prematura! Assim sendo, aceitei a proposta do meu amigo José João (a quem chamo J.J.) para ser baby-sitter oficial do Xico, o sobrinho dele, quando a irmã, mãe do miúdo precisasse de dormir. 
Ora eu que sempre adorei putos, hesitei quando J.J. me disse que o Xico era autista. Para ser franco nem sabia bem o que era um autista e inicialmente até pensei que fossem aqueles miúdos com a cara esquisita.  
Lembro-me que o J.J. sorriu e me deixou à vontade com a explicação sumária que me deu – quis que fosse a casa dele conhecer o sobrinho ainda antes de tomar qualquer tipo de decisão. 
Recordo como se fosse hoje como fiquei chocado ao deparar-me pela primeira vez com o Xico: como é que um puto deficiente tem um ar tão normal? Bloqueei. Senti apoderar-se de mim um torpor que me sitiava como se fosse parvo. Não imaginava como deveria falar ou agir com um menino diferente, logo eu que sempre brinquei com a canalha miúda! 
Num repente, o Xico elevou as mãos no ar, como se fosse um maestro pronto a começar o concerto da sua vida; deteve-se por breves segundos nessa posição e logo começou um movimento estereotipado com as mãos que me fez lembrar um pequeno querubim tocando uma harpa celestial num dedilhar imaginário. 
Parando noutro repente, sempre sem olhar para mim, perguntou-me num tom monocórdico: 
– De que cor é a tua escova de dentes? 
–...Não sei... acho que é amarela. - respondi sem perceber. O J.J. explicou-me nessa altura que, em vez de um Olá ou de um habitual Como te chamas? o sobrinho cumprimentava a todos quantos falassem com ele com a mesmíssima pergunta, e que, estranhamente, sabia a cor da escova de dentes de todas, mas mesmo de todas as pessoas que conhecia, isto sem contar com a escova que já há muito teriam deitado fora... Se encontrassem na rua alguém que já não viam há muito tempo, o Xico declararia de imediato: 
– A tua escova é verde, como o Sporting. Às vezes a pessoa negava: 
– Nããã... É branca Xiquinho. Invariavelmente a pessoa pensava um pouco e depois replicava com admiração: – Espera lá, ele tem razão, estou a lembrar-me... Isto é fantástico, mas a que tinha no ano passado quando estive convosco e ele me perguntou pelo raio da escova era, efectivamente, verde... 

Como é que se lida com um miúdo assim? Quando ainda morava no Porto, na casa dos meus pais, costumava jogar à bola com a garotada ou então pegava na minha guitarra e, sentado nos degraus, tocava para que todos cantassem... a minha guitarra! Mas é claro!!! Como vinha das aulas trazia a minha inseparável guitarra a tiracolo. O J.J. fez-me sinal de ser boa ideia e, logo na primeira nota, apercebi-me do excelente ouvido musical que o Xico possuía. Fiquei fascinado! 
O J.J. todo orgulhoso explicava-me que o sobrinho também reconhecia todos os autores das músicas que ouviam em casa e, inclusive, costumava dizer: Esta música é do carro ou Esta música é da casinha do 24 associando sempre onde e quando a ouvira pela primeira vez, de uma forma quase matemática. 
Acho que de repente se deu conta da minha cara de espanto e traduziu as suas próprias palavras... 
– Espera! Casinha do 24 é como o puto chama à nossa casa, o número da moradia é 24... - justificou como se fosse a coisa mais normal do mundo - e depois sabes? ... nós ao longo dos anos temos adoptado para o nosso vocabulário muitas das expressões do Xico e esquecemo-nos das outras pessoas... 
Na altura não compreendi completamente, mas o Xico puxava as cordas da minha guitarra, estávamos a perder o seu tempo, ele queria mais... 
Claro que toquei de seguida várias melodias e o Xico, para meu grande espanto, trauteou-as todas: desde a canção da moda do momento até à tradicional Mula da Cooperativa

Max - Mula da Cooperativa

Fiquei encantado pela possibilidade de comunicar com alguém deste modo, logo eu, que acalento o sonho de um dia conseguir ser um músico reconhecido e ver o meu nome, Xavier Duarte, nas capas dos CD... mas desenganem-se se pensam que esta era a sua única maneira de comunicar! É um tagarela! 
O J.J. explicou-lhe, com uma certa graça, que eu gostava de ir para dentro de um CD (da mesma forma que a mamã escrevia e aparecia dentro do jornal) e que um dia íamos ligar o rádio e sairia a minha música de lá. Bom, na verdade, é o que eu mais quero e, a bem dizer, persistência não me falta! 

Foi pela mão dessa vontade imensa de ser músico e tentar a vida como profissional que quis vir estudar para Lisboa. Esses três anos de formação musical numa escola como o Hot-Clube de Portugal representavam um sonho que, de repente, eu queria que estivesse ali, ao alcance da minha mão. 
O meu pai afirmou que não me sustentaria, estaria por minha conta e risco. Pois bem! Estava decidido a sair de casa de estojo de guitarra a tiracolo, mala e cuia, quando, inesperadamente, tive uma ajuda: o meu avô Luciano, o meu querido avô, o maior artista de Avintes! 
A guerra entre o meu pai e o meu avô materno instalou-se quando este resolveu apadrinhar o meu sonho: chamou-me bolseiro-do-espírito-criativo e mensalmente deposita na minha conta o suficiente para as prestações da escola, o pequeno apartamento que aluguei na Baixa lisboeta e o mais que necessário para viver com dignidade. 
Larguei tudo, casa, família, amigos e também a Faculdade de Direito... Trocar a toga por uma guitarra foi incompreensível aos olhos do meu pai! Vim para Lisboa um bocado incomodado com a sua postura, bem sei que este é o meu sonho, não o dele: Não ficámos zangados, mas nunca mais foi a mesma coisa e no Natal passado fiquei mal com a frieza dele. 
Mas o primeiro ano sozinho, nesta cidade nova para mim, tão avassaladora em grandiosidade e movimento para um banal estudante nortenho, aliado às boas notas no final de cada semestre, atestaram pela minha sanidade mental... 
Tenho a convicção que algum dia lá chegarei! 
Como forma de minimizar a prestação e amealhar algum pé-de-meia, no primeiro ano colaborava nos intervalos das aulas nos trabalhos da secretaria. No segundo ano comecei a ser baby-sitter
No entanto, é bom que se diga: desde essa memorável primeira visita à casinha do 24, o tio Zé João fez logo ali do sobrinho Xico o meu maior fã!!! 

Nesse ano o J.J. foi estudar para a Universidade do Minho, já que não tinha conseguido entrar em Arquitectura aqui em Lisboa. Confidenciou-me como estava angustiado por deixar a irmã sozinha com o sobrinho porque ambos tinham ao longo dos anos formado uma boa equipa em torno do Xico. Havia pensado em desistir mas a Margarida não permitira... afinal tinham considerado o Minho como opção na candidatura dele. 
Herdaram uma quinta em S. Torcato, mais propriamente para os lados de Guimarães, perto do Campus de Azurém, onde ficava a Escola de Arquitectura, tão perto que J.J. nos dias em que não chovesse poderia ir de bicicleta... 
Chegaram a pensar na hipótese de alugar alguns quartos a colegas de faculdade (coisa que não escasseava no enorme casarão com dez divisões) e assim facilitar as muitas despesas que tinham, caso ficasse deslocado de Lisboa. 
Foi desse desespero que nasceu a ideia louca de convidar este amigo para baby-sitter do sobrinho... É que uma criança como o Xico que não tem bem adquirida a noção de perigo, é isso mesmo: um perigo! 

Estes meninos (explicou-me o J.J.) estão muito sujeitos a acidentes porque não entendem que têm de olhar para os carros antes de atravessar uma estrada ou porque se debruçam demasiado nas janelas sem sequer perceberem o risco que estão a correr... e não é por falta de cuidados ou de explicações contínuas e diárias... 
Quando o Xico era pequenino pensavam que era simplesmente corajoso, muito destemido para a idade, mas depois aprenderam que, para um autista, a noção de medo pode ser tão imprevisível como desconcertante. 
A interpretação de conceitos na cabeça do Xico é processada de uma forma diferente: para ele os carros têm sempre a conotação de bom tal como o vermelho é mau. Como não tem adquirida a noção do que é efectivamente perigoso, estranhamente para a nossa compreensão, atravessar a estrada pode ser bom... 
O J.J. pediu-me para imaginar estas duas situações hipotéticas como que numa imagem cinematográfica: a) O Xico atravessa uma estrada porque logo ali naquele local, do outro lado da rua, está um stand de automóveis e, impávido e sereno, o Xico passa por entre os carros que travam e se enfaixam uns nos outros... b) O Xico atravessa uma estrada mas pára subitamente no meio da via porque o carro é vermelho e isso sim, é perigoso! 
Por ser destituído dessa consciência que é instintiva nos outros meninos, representa um grande perigo para ele próprio: desafia constantemente a sua integridade física e põe a mãe e o tio de nervos em franja e cabelos em pé. 

O meu papel seria o de estar simplesmente SEMPRE de olho nele, mas... provavelmente nem J.J. pensou que eu me fosse interessar tanto, nem eu suspeitei como este meu emprego temporário iria ser bem mais apaixonante do que ser apenas um vulgar guardião diurno... 
Foi também nesse mesmo dia que conheci a Margarida, a irmã de J.J. e mãe do Xico, que se veio a tornar ao longo destes anos na minha querida amiga Gui. 

Lembro-me de que no início fiquei hesitante sobre como tratar o menino. 
O J.J. havia apresentado o sobrinho como Xico mas a mãe tratava-o por Quico... Achei natural, uma vez que entre amigos o tratávamos por J.J. e em família era o Zé João... 
Hesitei se deveria chamar-lhe Francisco por uma questão de formalidade, por eu ser um desconhecido... 
O J.J. riu-se e contou-me um episódio engraçado. 
– Há alguns anos uma psicóloga veio com essa teoria de que a família não devia dispersar a personalidade da criança confundindo-a e a minha irmã e eu resolvemos, apesar de na escola ser formalmente o Francisco Maia, tratá-lo por Xico, como a maioria das pessoas já faziam, e também porque era o diminutivo que usavam para o nosso avô paterno... 
– Aquele avô de que tu gostavas muito...? - perguntei. 
– Sim... esse mesmo - e prosseguiu - No final do primeiro dia o miúdo estava agitado, triste, e perguntou candidamente: 
– O Quico do Xico foi embora para nunca sempre
 Sorrimos. 
– É... O Xico tem coisas muito giras... - rematou J.J. - E então foi assim, desde aí a minha irmã resolveu mandar às urtigas a opinião da psicóloga e continuar com a brincadeira que é, e sempre foi, só deles os dois: a minha irmã trata-o por Quico e ele em vez de mãe chama-a muitas vezes pelo nome Maguida... só nunca percebi se era diminutivo de Margarida se de Mãe Guida!  
Decidi-me então: Xico seria! 

Recordo exactamente o meu primeiro dia, uma semana antes de o J.J. ir embora. 
O Xico estava a ver televisão. 
Não me ligou nenhuma. 
Do filme lembro-me de identificar o grito na selva e o esvoaçar de liana em liana. 
Amistosamente o J.J. e a irmã mostraram-me em todas as divisões da casa, no quintal e no jardim, os locais ou cantos preferidos do Xico e quais os hábitos e actividades que ele tinha. Para uma criança normal, disseram-me, isso seria desnecessário mas um menino autista liga muito às rotinas. 
Depois aconselharam-me a, simplesmente, sentar-me ao pé dele. 
Perguntou sem tirar os olhos da televisão: 
– Aquele Nissan é teu? 
Sorri. 
Para quem não tinha ligado nenhuma... 
– Sim, aquele Nissan estacionado lá fora é meu. Gostas de carros, é Xico? 
– O teu Micra já é velho tens de comprar o modelo novo. 
Ri-me. Sim eu também gostaria... 
Enquanto falámos de carros a conversa fluiu, mas depressa percebi que isso se devia apenas e só ao tema da conversa porque sempre que começava outro assunto, ele voltava de imediato aos carros. 
– Posso ir buzinar o teu Micra? - perguntava sem me olhar. 
A mãe trouxe um tabuleiro com o lanche que pousou na mesa da sala. 
– Então Quico já conheces o Xavier? Deste um aperto de mão? 
Levantou-se como um autómato, veio para a minha frente e, sem nunca me olhar, deu novo sentido à frase que insistentemente o actor repetia: 
Mim Quico, tu Xavier. 




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terça-feira, 1 de julho de 2014

ebook Autista, quem...? Eu?

Este meu livro - Autista, quem...? Eu? - foi publicado da forma mais tradicional em 2006 pela Editora Centralivros. 
É um livro que tem feito o seu percurso de uma forma muito bonita, ao longo destes anos e edições.
Muitos foram - e são - os leitores de que recebi - e recebo - mensagens, confidências, desabafos, palavras que não vou esquecer jamais.
Sendo uma história de ficção, é bastante humanizada e que toca de muito perto quem vive com o autismo dentro de casa, como acontece com as personagens deste livro. 




Hoje, 8 anos após o seu lançamento, este livro continua vivo, a ser-me solicitado não só por vários leitores meus que pretendem partilhar as emoções que tiveram e querem oferecê-lo a outras pessoas, como até por quem não o leu e o quer fazer pela primeira vez por lhe ter sido repetidamente recomendado.
Porém, tendo em conta que está esgotado há anos e me dá um dó imenso não poder divulgá-lo mais, rendi-me às novas plataformas - diferentes do livro físico que tanto prezo - e surge esta forma de apresentação. 
Espero que este livro, agora virtual, continue a ser lido com o mesmo interesse, que continue a ajudar famílias como curiosamente tem acontecido até aqui.


Como fazer para ter acesso ao primeiro livro virtual de Ana Martins?

O acesso ao livro está disponível em duas modalidades
em apenas 3 cliques: (contactar via email - anamartins.com@gmail.com)



  • acesso de leitura por 2 meses 
      - por 5€ 


  • acesso de leitura vitalício 
      - por 10€ 


PRIMEIRO

Após escolher qual dos acessos pretende, efectuar o seu pagamento (tranferência ou paypal), e mandar com o confirmativo apenas o endereço de email. 
Receberá no email o seu convite para o livro. 
Abra e clique em ACEITAR CONVITE


SEGUNDO

Não esqueça o conselho em letras pequenas: Tem de iniciar a conta google. E outro ainda: aceite o convite rápido, tem prazo, e dentro de dias expira. Mas quer mesmo ler.... então vamos lá, clique de novo em ACEITAR CONVITE.




 TERCEIRO 

O seu acesso ao livro está concluído em 3 cliques! Viu? Simples!!





Agora já tem acesso directo ao livro Autista, quem...? Eu? 

ok, agora clicou neste link e não conseguiu entrar, foi isso? 

Pois. Está reservado apenas a leitores autorizados, os que passaram pelo ponto inicial - o pagamento. 
O livro, o trabalho da autora, não é oferta. Neste ebook foi adicionado ao texto que já existia um extra que este novo formato permitiu: imagens e sons que ajudam a conduzir o leitor nas emoções da alucinante viagem de montanha-russa que é o mundo desconcertante do autismo.

Agora sim, pode começar a ler, no seu telefone, tablet ou computador. 










domingo, 4 de maio de 2014

Dia da Mãe

Dia difícil para quem não tem mãe, não tem avó e todas as minhas referências maternais se diluíram no tempo e no espaço que a desabrida saudade alberga. 
Mas a vida, a dor, ensinaram-me, devagarinho que se consegue manter a cabeça à tona, reinventando a família perdida em outros novos relacionamentos que se investe e dá seus frutos. Diz o povo que os Amigos são a família que escolhemos, e tenho muito presente cada pessoa que tem passado pela minha vida e o papel que desempenha ou desempenhou. Quem como eu vive com o autismo tão presente, sabe como sua permanência - que deveria ser perene - é terrivelmente perecível, e eu, aprendi simplesmente a usufruir do momento que uno é capaz de se dar. 
O Dia da Mãe, tal como seria suposto ser celebrado, não existe na minha vida. E se durante anos lutei contra a falta da minha, chegou um dia a altura na vida de ser Mãe, mas ainda assim, como sabemos, foi tudo ao lado.

Uma vez só na vida, uma amiga grávida ao invés de se distanciar, desejou ter um filho como o meu Pedro. Foi um momento abençoado que a doce Mel Sanroman me deu, sem saber o imenso valor que teria para mim, jamais vou esquecer... escrevi essa história num post quasi-intimista, e podem ler aqui

Um ano só na vida, tive um dominical dia da Mãe "como seria suposto" ser celebrado: o meu querido amigo Henrique, num rapto consentido, proporcionou-nos esse dia especial. Recordo que refilei o tempo todo, seria algo postiço e sem valor, mas fez-me ver o contrário: ainda hoje guardo os presentes que deu ao Pedro para me oferecer nesse dia, com maior carinho que os de outros anos, guardo a memória do passeio, da conversa, do que me disse - e sim, foi definitivamente especial, único. 
Então este ano quero dedicar este dia a uma mãe e uma filha, como poderia ser eu e minha mãe. A amizade que tenho com a Lelê Guedes é igualmente única, sem explicação, somos ambas pessoas muito intensas na forma de sentir o sentido da vida, seremos irmãs ou mãe uma da outra, o que lhe quiserem chamar. Hoje, dar-lhe nome, não tem qualquer importância. Mas a razão de hoje, a minha comemoração com o meu doce Pedro ser partilhada com as duas, é apenas por a relação que ambas têm, poder ter sido a minha e de minha Mãe. 
Exactamente por não ser comemorado no mesmo domingo, a Bia e a Lelê vão assim ganhar um dia extra nas suas vidas de Mãe e Filha, dos muitos Dias da Mãe, que ainda vão viver e comemorar nas suas doces vidas.
Feliz dia da Mãe, desta feita oferecido de coração, minhas queridas Bia e Lelê Guedes!


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