terça-feira, 8 de março de 2011

Uma rosa azul

Azul, de sua cor inalcançável pela Mãe-Natureza, esta rosa traz-nos de volta o sabor, cheiro e cor da lembrança de um eterno primeiro amor, aquela enormidade de sentir entre a gratidão e desejo, mescla de admiração e respeito num amor quantas vezes platónico, uno e evo.
Uma lenda portuguesa, uma flor azul.



«No Mosteiro da Cartuxa, no Buçaco, em Portugal, vivia, em séculos que já se foram, um piedoso e santo monge, cuja vida se consumia, inteira, entre a oração e as rosas. Jardineiro da alma e das flores, passava ele as manhãs de joelhos, no silêncio da nave, aos pés de um Cristo crucificado, e as tardes, no pequeno jardim da ordem, curvado diante das roseiras, que ele próprio plantava e regava.
A sua paciência de jardineiro era absorvida, entretanto, por uma ideia, que era um sonho: encontrar a rosa azul das lendas do Oriente, de que tivera notícia, uma noite, ao ler os poemas latinos dos velhos monges medievais.
Para isso, casava ele as sementes, os brotos, fundia os enxertos, combinando as terras, com que as cobria, e as águas, com que as regava, esperando, ansioso, o aparecimento, no topo da haste, do sonhado botão azul!
Ao fim de setenta anos de experiências e sonhos, em que se lhe misturavam na imaginação as chagas vermelhas de Cristo e as manchas celestes da sua rosa encantada, surgiu, afinal, no coroamento de um galho de roseira, um botão azul, como o céu.
Centenário e curvado, o velhinho não resistiu à emoção; adoeceu, e, conduzido à cela, ajoelhou-se diante do Crucificado, pedindo-lhe, entre soluços pungentes, que, como prémio à santidade da sua vida, não lhe cerrasse os olhos sem que eles vissem, contentes, o desabrochar da sua rosa azul.
Em volta do santo velhinho, no catre do mosteiro, todos choravam, compungidos.
E foi, então, que, divulgada de boca em boca, foi a notícia ter a um convento das proximidades, onde jazia, orando e sonhando, uma linda infanta de Portugal. Moça e formosa, e, além de formosa e moça, - fidalga e portuguesa, compreendeu a pequenina freira, no jardim do seu sonho, o valor daquela ilusão, e correu à sua cela, consumindo toda uma noite a fazer, com os seus dedos de neve, uma viçosa flor de seda azul, que perfumou, ela própria, com essência de gerânio.
E no dia seguinte, pela manhã, morria no seu catre, sorrindo entre lágrimas de alegria, por ter nas mãos trémulas, por um milagre do céu, a sua rosa azul!»



clique aqui para aceder à pesquisa para A lenda da Rosa Azul 


2 comentários:

Pablo disse...

es verdad, uno y evo.
te quiere,
Pablo

Isabel Santos disse...

TONTA SÓ ME FALAS DE AMOR...DAQUELE AMOR QUE É TÃO LINDO QUE EMOCIONA.
ONDE SE ESCONDEU ESSE AMOR???
ONDE ESTÃO OS CORAÇÕES QUE SÃO CAPAZES AMAR COM A ALMA,ACREDITANDO NOS SEUS SONHOS?
BESITOS

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