sexta-feira, 25 de setembro de 2015

É pelas pessoas

Todos lemos a notícia sobre dois pais de família portugueses, Nuno Félix e Pedro Policarpo, que vão à Croácia buscar refugiados. Um acto isolado? É antes uma onda de amor, de franca solidariedade que se gera em torno desta iniciativa destes dois amigos. 
Sentimos nas redes sociais as pessoas 'fervilhantes' que se movimentam, que querem participar, ajudar. 
Agasalhos? Sim, vai ser necessário. Mantimentos? Certamente. 
E pergunto: dois pais de família? 
Só agora, vamos saber de facto quantos carros particulares vão alinhar no ponto de partida, em Belém,  ao lado dos dois monovolumes que nessa semana, ao invés de levarem os seus filhos à escola, irão buscar famílias, crianças que mais que escola, precisam de uma vida - precisam de paz, precisam de brincar e sorrir como todos nós mães e pais almejamos para os nossos filhos. Porque foi com base neste pressuposto que estes dois amigos iniciam esta viagem: vamos lá buscá-los, porque são famílias como nós.
Vão ser mais de dois carros, mais de duas famílias de refugiados ajudados. 
Pedro Lapa, um outro pai de família, leu sobre a viagem e imediatamente se mexeu: entrou em contacto com os dois amigos, saiu de Aveiro para se reunir à caravana em Lisboa. 
"É pelas pessoas" disse-me assertivamente, enquanto falávamos já sobre a viagem. Parámos quando recordei que ainda no Verão o Pedro me disse: "vou ao norte de Itália buscar pessoas". Parei ao tentar avaliar a diferença que teria feito à tal uma família que permaneceu tantos dias de sofrimento a mais. E o Pedro parou-me de pensar no que ficou por fazer, mostrando-me simplesmente o que se faz. E o Pedro vai buscar essa uma família a quem a sua dádiva de amor incondicional pelo próximo o faz ser como é, e o que o move faz acontecer: a uma família a quem vai fazer a diferença de uns dias que sejam, de um só pesar evitado, menos uma lágrima por verter, é um abraço, uma chávena de sopa quente, um cinto de segurança no carro, um país soalheiro e hospitaleiro para os acolher. "É pelas pessoas, Ana"
Eu quero muito ir, ajudar porque sim. Não podendo, escrevo. E vou escrever.
Esta onda de amor ultrapassou barreiras e fronteiras e estes dois amigos, Nuno Félix e Pedro Policarpo, gostam de frisar que nada pediram, apenas vão porque o coração assim mandou. Sem mais.
Graciosamente acolheram de braços abertos quem quer de igual forma ir para trazer mais uma família aproveitando a máxima que esta união fortalece o intento inicial.
Têm o especial cuidado de responsabilizar cada condutor que os acompanhe na caravana que foi surgindo, sublinhando que cada um é responsável pela sua viatura, pelas despesas inerentes, pelas pessoas que trarão na viagem de regresso, pela sua alimentação e bem estar.
Pedro Lapa já chega a Belém com doações de pessoas solidárias de Aveiro - agasalhos, alimentos - e também de coração pleno, consciente que só poderá trazer uma família com os respectivos filhos, mas que para essas pessoas, estas pessoas que daqui partem, fazem toda a diferença.

Se quiser e puder, ajude nos custos da viagem do carro do Pedro Lapa pelo
NIB 0035 0836 0069 2517 3302 6



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