Há uma palavra dita em inglês de que gosto tanto por, ao ser pronunciada nos encher a alma, ser ainda mais intensa que avassaladora, a sua tradução em português: nós temos SAUDADE eles têm OVERWHELM.
Não estava preparada para o embate emocional que veio com o apelo de ajuda público que fiz.
Sempre disse que gosto mais de dar que receber e sei que na minha vida o pratico com a maior das naturalidades, que o faço sem olhar a quem, como sempre ouvi os meus avós nos ensinarem, sei que o faço de coração, sem alardes, sem justificações. Nestes últimos tempos aprendi de forma muito concreta a baixar a guarda, a aceitar que não consigo tudo e até a saber aceitar ajuda.
Sei que não é fácil quebrarmos a redoma da imagem que transmitimos, aquela que, ao quebrarem as pernas à classe média, todos lutamos, como um último reduto a manter.
Além do Banco Alimentar tenho também um grupo de pessoas amigas que se reúnem para juntas nos proporcionar o que falta à ajuda institucional, se organizam entre si para as boleias para o Pedro desde que fiquei sem carro, estão muito presentes nas nossas vidas. E estou grata. Muito.
Eu adoro ajudar, isso faz o mundo ficar mais redondinho, criarmos a tal ideia que podemos mudar o mundo, com pequenos gestos vamos mudando o mundo de alguém e isso é tão importante!!!, e essa riqueza, o sorriso feliz de quem ajudamos, o facto de sabermos que algo que fizemos melhorou um pouco o dia ou a vida de outra pessoa, isso não há dinheiro ou riqueza que pague!
Há pessoas a quem fiz trabalhos de pintura decorativa ou web design para as suas empresas à laia de troca de serviços ou como 'pagamento' por outras ajudas concretas, mas eu acho que na verdade esta volta à forma ancestral de troca de serviços serviu a muitos de nós para crescermos enquanto população cívica e perceber que para além do tu-dás-e-eu-dou-a-ti, existe o vou dar porque o outro precisa e existe o eu recebo porque estou necessitada, sem ter vergonha de agradecer, de dizer: sim, eu preciso.
Acontece que com este pedido de ajuda público que fiz, desta vez não foram só os amigos que acorreram. São também os amigos de amigos, são os desconhecidos que me têm deixado absolutamente sem palavras. Confesso, tenho chorado muito. Disse-me uma psicóloga que é uma reacção absolutamente normal para quem aguentou estoicamente por tempo demais e de forma absolutamente contida uma situação insustentável. Tranquilizou-me a explicação, já que me sinto frágil e com muito medo de me deixar cair, coisa que repetidamente e aos longo dos anos não me permito, a ponto de achar estranho em mim o simples chorar. Mas lá está, nem o Pai Natal existe, nem a super-mulher. Eu nunca quis vestir esta capa que repetidamente me põem sobre os ombros e não a quero, não a quero mesmo!
Gostava de partilhar uma de tantas, tantas conversas que tenho tido por mensagem com todas as pessoas que me abordam. Tenho a alma a transbordar mais que a caixa de entrada, e sei que ainda não consegui, talvez nunca consiga agradecer a todos o que estão a fazer por nós a cada dia que passa. E digo honestamente que não falo apenas do dinheiro, se não de mimo. Tenho sido tão acarinhada, tenho recebido o retorno de tantas pessoas que ajudei num ou noutro momento da minha vida e que de uma forma ou de outra me acarinham agora, mas é exactamente dos desconhecidos que ainda fico mais desconcertada.
Uma pessoa escreveu-me que se havia enganado e depositado vinte cêntimos ao invés de euros e estava muito aflita, que faria novo depósito no dia subsequente. Acabámos por rir do engano, que a todos nós acontece e até fizemos umas piadas em torno disso. Mas eu fiquei a pensar nisso. E no dia seguinte entrei outra vez nessa mensagem para dizer à pessoa que iria guardar uma simples moeda de vinte cêntimos comigo, que seria uma moeda especial e que a guardaria sempre.
E vou fazê-lo.
Dou muita importância a pequenos pormenores, costumo dizer que Deus está nos detalhes, e esta simples moedinha vai simbolizar para mim, toda esta onda de ternura que me faz sentir... overwhelmed.
Bem Hajam!
Sempre disse que gosto mais de dar que receber e sei que na minha vida o pratico com a maior das naturalidades, que o faço sem olhar a quem, como sempre ouvi os meus avós nos ensinarem, sei que o faço de coração, sem alardes, sem justificações. Nestes últimos tempos aprendi de forma muito concreta a baixar a guarda, a aceitar que não consigo tudo e até a saber aceitar ajuda.
Sei que não é fácil quebrarmos a redoma da imagem que transmitimos, aquela que, ao quebrarem as pernas à classe média, todos lutamos, como um último reduto a manter.
Além do Banco Alimentar tenho também um grupo de pessoas amigas que se reúnem para juntas nos proporcionar o que falta à ajuda institucional, se organizam entre si para as boleias para o Pedro desde que fiquei sem carro, estão muito presentes nas nossas vidas. E estou grata. Muito.
Eu adoro ajudar, isso faz o mundo ficar mais redondinho, criarmos a tal ideia que podemos mudar o mundo, com pequenos gestos vamos mudando o mundo de alguém e isso é tão importante!!!, e essa riqueza, o sorriso feliz de quem ajudamos, o facto de sabermos que algo que fizemos melhorou um pouco o dia ou a vida de outra pessoa, isso não há dinheiro ou riqueza que pague!
Acontece que com este pedido de ajuda público que fiz, desta vez não foram só os amigos que acorreram. São também os amigos de amigos, são os desconhecidos que me têm deixado absolutamente sem palavras. Confesso, tenho chorado muito. Disse-me uma psicóloga que é uma reacção absolutamente normal para quem aguentou estoicamente por tempo demais e de forma absolutamente contida uma situação insustentável. Tranquilizou-me a explicação, já que me sinto frágil e com muito medo de me deixar cair, coisa que repetidamente e aos longo dos anos não me permito, a ponto de achar estranho em mim o simples chorar. Mas lá está, nem o Pai Natal existe, nem a super-mulher. Eu nunca quis vestir esta capa que repetidamente me põem sobre os ombros e não a quero, não a quero mesmo!
Anthony and the Johnsons - you are my sister
Uma pessoa escreveu-me que se havia enganado e depositado vinte cêntimos ao invés de euros e estava muito aflita, que faria novo depósito no dia subsequente. Acabámos por rir do engano, que a todos nós acontece e até fizemos umas piadas em torno disso. Mas eu fiquei a pensar nisso. E no dia seguinte entrei outra vez nessa mensagem para dizer à pessoa que iria guardar uma simples moeda de vinte cêntimos comigo, que seria uma moeda especial e que a guardaria sempre.
E vou fazê-lo.
Dou muita importância a pequenos pormenores, costumo dizer que Deus está nos detalhes, e esta simples moedinha vai simbolizar para mim, toda esta onda de ternura que me faz sentir... overwhelmed.
Bem Hajam!
NIB: 0010 0000 5031 7230 0013 6
IBAN: PT 50 0010 0000 5031 7230 0013 6