sábado, 11 de agosto de 2012

SAUDADE II

Há quem nos deixe, com a sua partida, uma tristeza impossível de ser aferida, moldada, compartimentada, sarada. E fica  imensa saudade do que ficou por dizer, fazer, viver.


Trovante - Saudade

 

Saudade
Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...

Chegou hoje no correio a notícia
É preciso avisar por esses povos
Que turbulências e ventos se aproximam
Ahhh, cuidado...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...

Foi chão que deu uvas, alguém disse
Umas porém colhe-se o trigo, faz-se o pão
E se ouvimos os contos de um tinto velho
Ahhh, bebemos a saudade...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...

E vem o dia em que dobramos os nossos cabos
Da Roca a S. Vicente em Boa Esperança
E de poder vaguear com as ondas
Ahhh, saudades do futuro...

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ahhh, saudade...


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SAUDADE I

este meu texto é especial publico-o aqui hoje, porque sim. 
To Mum - Wish You Were Here

por Ana Martins

Gal Costa & Maria Bethanea
Oração da minha mãe Meninnha


Queria poder ir às compras, almoçar, telefonar, discutir, chorar e rir.

Quisera poder abraçar uma vez mais que fosse, de tantos abraços deslaçados, evitados, perdidos. Perdidos.

Quisera poder contar segredos, partilhar diabruras e desfrutar momentos bons, maus, todos...

Queria não ter de o pedir a cada dia do ano.

Queria tanto que esta dor fosse, nos deixasse paz.

Quero o seu arroz doce, a carícia da sua mão perfeita pelo meu cabelo, ouvir o som da pulseira batucando pelo corrimão da escada e não correr feita tonta para cumprimentar somente a vizinha que chegava... queria rever o sorriso contido de menina nunca mulher, queria que tivesse visto como me tornei mulher, mãe também, queria demais que conhecesse o seu neto. É lindo, sabe? Uma pureza tão grande que me desconcertou, quis tanto a sua ajuda...

Queria que chegasse a avó, já não é só o meu... Tanto neto sem colinho da avó Isabel, sempre menina, nunca mulher, nunca avó.


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