terça-feira, 3 de maio de 2011

Mesinha de Cabeceira #11

de 3 maio 2011




Hoje trago: «No Seu Mundo» de Jodi Picoult






Devo começar por confessar que estou neste momento a ler este livro. E gostava de explicar aos nossos ouvintes porque escolho um livro que ainda não li, não conheço na sua totalidade.
Ao saberem da intenção de falar de autismo todo o Abril, muitos dos meus leitores em especial mães e familiares de meninos com autismo me foram dando sugestões de livros que haviam lido e me recomendavam para este mês, e apesar de a minha escolha estar feita, não pude deixar de juntar este livro que trago hoje da brilhante autora Jodi Picoult. Tinha respondido com a condicionante de ainda não o ter lido, mas não só me mimaram com opiniões marcantes, como uma leitora me trouxe, um exemplar na língua original, de Bruxelas!! Por isso, nesta última crónica de Abril sobre a consciencialização para o autismo, estou ainda a ler não a tradução «No Seu Mundo», mas o meu «House Rules» no original e não o consegui ler na íntegra porque para além de ser um generoso volume, em Abril também acontecem as férias da Páscoa e tendo o meu filho comigo, ler é uma actividade que não acontece!
Esta escritora é conhecida por se documentar exaustivamente para cada um de seus livros. E convenhamos, escrever 600 páginas sobre Asperger… devo dizer aos nossos ouvintes que S.A. é a forma mais leve dentro do diagnóstico do autismo. E a personagem Jacob Hunter é terrivelmente literal e autística. Jacob apesar de extremamente inteligente, não percebe nem acompanha as subtilezas da comunicação verbal ou física. Se a mãe disser que demora 10 minutos, aos 11' ele acha que ela morreu e aos 12' está a ter uma crise.
Claro que a Jodi Picoult captou a minha atenção no primeiro parágrafo do primeiro capítulo numa só expressão: “O corpo morto do meu filho Jacob”. Wow!! – Pensei. Como pode esta escritora contar a história, se logo no primeiro parágrafo mata o narrador? Bem sei que é pura técnica e fácil para nós escritores, mas eu também me permito empolgar enquanto leitora!! E depois, um pouco mais adiante, este pequeno e belo excerto que destaquei especialmente para os nossos leitores:


Eu mesma como mãe e autora não o diria ou escreveria melhor.
E a partir daqui toda a leitura se desenrola naturalmente por vezes de forma desenfreada, não quero parar!, mesmo quando não é possível continuar a ler. Está a ser um bom livro.
Jacob, como todos os miúdos dentro do espectro do autismo, tem uma fascinação específica. No caso é a análise forense sistemática de cenas de crime. No decorrer da acção do livro, Jacob é suspeito de ter cometido assassinato e contra ele pesa as características que reconhecemos com facilidade, claro para quem conhece autismo e Asperger. O não olhar as pessoas directamente nos olhos, a postura rígida e/ou a descoordenação nos movimentos, são todas estas acções ditas “inconvenientes” que são identificados pela Polícia como sinais de culpa. A pergunta importante que este livro levanta é – será que somos analisados pela forma correcta de comunicarmos com “o outro”? O que acontece com alguém com autismo/Asperger que têm uma clara inabilidade de seguir as regras sociais?
E para Emma, a mãe de Jacob fica a parte mais dura: (vou ler esta frase do livro) “E Emma Hunt, a mãe, já não sabe no que acreditar quando vê a manta com as cores do arco-íris de Jacob envolvendo o corpo sem vida da tutora.” – Ora… Emma terá de formular, para si mesma, a pergunta mais difícil do mundo: acreditar em quê?, em quem?, e… será o seu filho capaz de matar?



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