Sim, já tem título.
É sempre por onde começo um novo livro. Tenho hábitos de que gosto e enrosco sempre um início na mesma espiral: o título, o que quero contar, as personagens que vão desenhar a minha história, um caderninho para ideias e pesquisas. Pensá-las. Escrevê-las.
Permito aos meus leitores que espreitem alguma personagem por uma porta que deixo entreaberta, um vislumbre através de um esvoaçante véu que não permite propositadamente uma visão abrangente.
A protagonista deste livro será a Teresinha. A sua história de amor maior com Ernesto. Eis como a imagino em vários momentos da sua longa vida.
"Houve tantas complicações querida bisneta – pensou – ganhos e perdas, preconceito, inveja e lágrimas. Dor. Muita. Inultrapassável. Cair de joelhos no chão e não conseguir ver para além do horizonte. Mas se houve trovoadas, houve o apaziguamento após cada borrasca. Orgulho quebrado, nariz no ar. Afundar e voltar à superfície. Cada conquista com travo amargo-doce transformado num sereno renascer adoçado com canela e açúcar amarelo e sempre a entrega e o muito amor em tudo o que fiz na vida.
Sorriu. Tudo se resumia a que estava bem. Sim, era feliz."
"Teresinha era uma sonhadora – presença assídua nos convívios estudantis, a intrépida miúda que tocava guitarra para os colegas da universidade, sendo de entre as vozes femininas, a mais destacada, criativa e promissora."
"Já Ernesto, o marido, era um protector – um fervoroso defensor do corporativismo estudantil, sem que isso beliscasse o seu excelente percurso académico, pois fazia parte das cúpulas associativas estudantis, sempre engajado numa nova luta que advogava com vigor, embaraçando o regime, cada vez com mais audácia."
"Saltar nua de mãos dadas com o Ernesto para um rio, para um lago, para o mar… sempre que podiam faziam-no."
"tendo por pano de fundo o soberano portão ladeado do antigo muro de granito enleado com as rosas de Santa Teresinha."
Sem comentários:
Enviar um comentário