Antes que telefones, queria dizer uma coisa.
Pedro, queria escrever um texto positivo, gostaria tanto que me relatasses cenários diferentes, mas sei, sabemos, que não seriam reais, não o que milhares de pessoas estão a viver a cada preciso momento que todos respiramos, estão privadas da sua liberdade, da sua dignidade, do que todos nós deveríamos ter por direito, assim o afirmam tantos papéis em gabinetes, fechados em gavetas e em quadros decorados pendurados pelas paredes. onde fica a acção real? saber que tantas crianças, famílias - as inteiras e as desfeitas - as que me contas ao telefone, as que os teus companheiros de viagem, um filmou, outro falou à rádio, outra publicou na revista, outro fotografa de modo tão tocante, todos partilham o seu olhar pungente do que têm observado - e mais - do que aí têm efectivamente feito, para que todos, todos nós que estamos de olhos postos na vossa viagem, nós que vos escutamos siderados e de coração nas mãos, façamos por fim, unidos, movidos pela mesma vontade de fazer algo mais que os gabinetes permitem, como dizem - até ver.
Pedro, na estação de Viena de Áustria, aí onde a clausura acaba e o nada acontece, este 'até ver' magoa-me os sentidos, porque enquanto durar um até ver cinzento de gabinete, tu observas a criança que viste urinar-se pelas pernas abaixo porque nem casa de banho tem para ir.
E antes que ligues, porque não vais ter uma coisa bonita para me contar para eu escrever, deixa-me dizer-te: as crianças, sendo que são o futuro da humanidade, estas crianças todas - as nossas no conforto das suas casas e escolas, das que vêem imagens na net e tv e fazem perguntas, daquelas bem incómodas que fazem os pais rolar os ditos cujos no sofá e chutar para canto mudando para o canal infantil, às que estão informadas porque os pais escolhem explicar, até às ao outro lado da Europa, as que tens visto, conversado, relatado, e ainda às que guardas contigo e (ainda) não conseguiste partilhar, tudo o que estas crianças todas estão a viver as faz crescer num sentido diferente de outras gerações.
E quero muito acreditar que não será só na próxima geração, caramba!, estes pais não carregaram os seus filhos, se fizeram à estrada, e mais ainda mar adentro, por outro motivo se não o de acreditarem, na Esperança que na outra margem da vida, ela aconteceria. Como na música do Rodrigo Leão - coeur, fais ton chemin, l'amour est beau, il est partout, rêver sourtout.
Eu quero acreditar que todo este adiar de até ver e inconseguimentos perpétuos não vão manchar o Sonho. o poeta não dizia que é assim que o mundo pula e avança?
E Pedro, deixa-me ainda dizer-te, já que estás quase a ligar-me, que temos visto acontecer uma coisa linda com toda a movimentação da vossa viagem. É um acordar... olha, é como lhe queiram chamar! Eu? escolhi chamar-lhe simplesmente de AMOR. e está a acontecer! é este despertar de consciências, este levantar o cu do sofá e 'bora lá! que está a suceder à nossa volta num momento paralelo ao de guerrilhas em campanhas eleitorais esvaziadas de sentido, é um toque arrebatado a reunir, um dar as mãos, e já nem é o embora fazer, mas o estamos a fazer!!! está a acontecer, vejo e leio um bocadinho por todo o nosso Portugal. e é tão bonito, tão comovente!!! somos um país de brandos costumes? sim, seremos, mas somos gente aguerrida e sã, generosa, voluntariosa e muito, muito hospitaleira.
Pedro a todos e todas vós que embarcaram com o Nuno Felix nesta viagem, estou-vos tão grata!!!
O meu telefone toca.
- Olá! 'tás bem? Eu 'tou bem. Muito rápido.E antes que ligues, porque não vais ter uma coisa bonita para me contar para eu escrever, deixa-me dizer-te: as crianças, sendo que são o futuro da humanidade, estas crianças todas - as nossas no conforto das suas casas e escolas, das que vêem imagens na net e tv e fazem perguntas, daquelas bem incómodas que fazem os pais rolar os ditos cujos no sofá e chutar para canto mudando para o canal infantil, às que estão informadas porque os pais escolhem explicar, até às ao outro lado da Europa, as que tens visto, conversado, relatado, e ainda às que guardas contigo e (ainda) não conseguiste partilhar, tudo o que estas crianças todas estão a viver as faz crescer num sentido diferente de outras gerações.
E quero muito acreditar que não será só na próxima geração, caramba!, estes pais não carregaram os seus filhos, se fizeram à estrada, e mais ainda mar adentro, por outro motivo se não o de acreditarem, na Esperança que na outra margem da vida, ela aconteceria. Como na música do Rodrigo Leão - coeur, fais ton chemin, l'amour est beau, il est partout, rêver sourtout.
Eu quero acreditar que todo este adiar de até ver e inconseguimentos perpétuos não vão manchar o Sonho. o poeta não dizia que é assim que o mundo pula e avança?
E Pedro, deixa-me ainda dizer-te, já que estás quase a ligar-me, que temos visto acontecer uma coisa linda com toda a movimentação da vossa viagem. É um acordar... olha, é como lhe queiram chamar! Eu? escolhi chamar-lhe simplesmente de AMOR. e está a acontecer! é este despertar de consciências, este levantar o cu do sofá e 'bora lá! que está a suceder à nossa volta num momento paralelo ao de guerrilhas em campanhas eleitorais esvaziadas de sentido, é um toque arrebatado a reunir, um dar as mãos, e já nem é o embora fazer, mas o estamos a fazer!!! está a acontecer, vejo e leio um bocadinho por todo o nosso Portugal. e é tão bonito, tão comovente!!! somos um país de brandos costumes? sim, seremos, mas somos gente aguerrida e sã, generosa, voluntariosa e muito, muito hospitaleira.
Pedro a todos e todas vós que embarcaram com o Nuno Felix nesta viagem, estou-vos tão grata!!!
O meu telefone toca.
Se quiser e puder, ajude nos custos da viagem do carro do Pedro Lapa pelo
NIB 0035 0836 0069 2517 3302 6
Grata e bem hajam!!!
1 comentário:
Ana, até ver...o sonho não vai morrer!grande grande abraço para vocês que são tão lindos e HUMANOS!
Maria B.
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