Recordo sempre com carinho um leitor que me escreveu a contar que a filha de 11 anos quis ler o meu livro “Autista… quem? Eu?”. Ele permitiu, e como no final a menina dizia coisas que nos escapam a nós adultos (nessa família não há pessoas com autismo é apenas a reflexão da menina de 11 anos).
Dizia ela: “o Xico tem a minha idade e não consigo parar de pensar no que não pode fazer e eu posso.”
Dizia ela: “o Xico tem a minha idade e não consigo parar de pensar no que não pode fazer e eu posso.”
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwouFJwTopISN2bCVe8oRE8RYM1XzUObNwpq4DhHYT3F9gS98HHR8WvBQV6sp0XlUrlxn3PwGaJgppEYoUdqIIHSXIY-2XzaR68DMoTDoYLFccomMP3vVPf1_SNRKq2gfOgM9Cp0aaaj8/s320/solucao.jpg)
Isso é consciencialização.
Continuo a afirmar que a consciencialização é necessária, deveria ser obrigatória (por exemplo) nas forças de autoridade. A cada momento acontece alguma situação que nos deixa desconcertados e o que faz a polícia, os bombeiros, a protecção civil? Pois. Explicamos (sim, nós, os pais!) primeiro o que é autismo, para depois nos poderem responder - lamento, não podemos ajudar. Como se não o soubéssemos. E que tal formação para esta gente que pode efectivamente ajudar? Que deveria fazê-lo (e fá-lo-ia) se soubesse como?
Falar de temas - seja qual for - a datas precisas irrita-me profundamente, é sabido. Porque quem precisa, precisa sempre. Acredito que a consciencialização se faz o ano todo, 365 dias ao ano. Porque o autismo vive connosco 365 dias ao ano. Não apenas a 2 de Abril.
Luiz Caracol - Samba do Bairro
As datas são importantes para dar um empurrão e fazer lembrar que algo existe, que precisa ser valorizado. O que me irrita nas datas comemorativas é o facto de as pessoas só se lembrarem nesse dia.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAVKXOrRle_3BFISYgBdNAr_JP-wvZhv0Q3XGUhtehjBH406W7zocKdwkG6qMcNhTmxv79yOTMemii4Kp-aKL5ILkXh2jNQaqGnqvf5BwFMUKqLm3v6gdN2YNBknFuMnOPoSyFRvSdAsE/s200/light-it-up-blue.jpg)
Ahhhh sim, e isso, também é consciencialização.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPiuG4o4Uxn276CqTQmXofgczAKrK1xmPZfKkH1kK4wG2Md7SvpxwuevapsyaTbcyw60ZnlNRHRxwRFW4Uuv2EWtw4mwmtXuT-Q5qA1mhYRxen98FeyKs2BjSRklzyszgcuTjCehx-3Hk/s320/Cristo-Rei+de+Azul.jpg)
Vem aí outro dia 2 de Abril. Este ano não me apetece apenas lutar para conseguir o Cristo-Rei de Azul no dia 2. Ficou lindo nos anos passados, tenho o maior orgulho de me ter empenhado e de ter conseguido, mas este ano, sei lá, quero mais! Quero 250 grs. de PAZ.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyOK176XWPrhPvEWQXUQVo8eR0o1-4TrDk83lKtJApjvebuH3c6dlFtwUHhI96Wrqp628r45_KJFEQUMYXHVS2ovfEtFCLwJh7CCoT9vf68Ll3PqT_vIti68ws3mVhWcMCS78Q6LjgbaY/s640/posso+falar.png)
(já o peço há vários anos, mas não me canso e continuarei
até conseguir... isso mesmo - consciencializar)
Dístico de lugar de estacionamento obrigatório à porta de casa de cada família onde habite uma pessoa com autismo - bem sei, não me calo com um detalhe que é tão simples de ser votado na Assembleia da República e ou pelos governantes deste nosso país - porque as rotinas são importantes para estas pessoas e saber que o familiar que os conduz estaciona sempre o carro no mesmo sítio, lhes dá paz.Bem sei que o pedi directamente ao antigo primeiro ministro Sócrates que me respondeu - a ser como eu dizia, haveria muito a fazer. Pois. Continua a haver muito a fazer, lamentavelmente o sr eng José Sócrates nada fez. Agora tenho um novo pedido. Posso?
Encontro Presencial LX Factory 20 Bloguers com o Secretário Geral do P.S. José Sócrates
Moderador jornalista e bloguer Paulo Querido Uma ideia original do Deputado Jorge Seguro
Formação obrigatória para as nossas forças de autoridade. É necessário e premente que saibam o que é Autismo. Não são mongolóides, não são como o tonto lá da aldeia, não são malucos - e sim!, oiço isto das nossas forças de autoridade a cada vez que me confronto com estas situações. As famílias precisam deste tipo de ajuda? Por favor.... FORMAÇÃO e OBRIGATÓRIA. Vão-me ouvir enquanto não o conseguir!!!
Nem que seja só as 250 grs. de paz para esta população e suas famílias... para mim já chega, já me faria sorrir, nesta minha luta 365 dias ao ano de mostrar que o autismo existe e temos de lidar com ela a cada um dos dias e noites das nossas vidas.
3 comentários:
:'(
Olá Ana
Gostei muito das suas propostas, mas como não há 2 autistas iguais, é claro que elas se podem alargar a muito mais gente "diferente" como lje chama. Eu prefiro afirmar com todas as letras que tem alguma deficiência e por isso é preciso escutar com mais atenção e com a humildade de quem acredita que aquela pessoa com autismo, com trisomia, com... seja o que for, é uma pessoa que tem algo a dizeer... Se é com o pacote de m&m mini ou com o gravador como o meu filho... tanto faz. Aprender a olhar para estas pessoas esperando algo delas em vez do olhar de comiseração que a ofende a si e a mim e a eles próprios que lêem os sentimentos desvalorizantes e de falta de vontade de encontro com eles sem perceberem bem os porquês.
Aprendi a meter-me com as pessoas que ficavam assustadas com os comportamentos diferentes e bizarros do meu filho, mostrando-lhes a alegria dele com coisas que eram comuns a todas as pessoas... aprendi a sorrir para eles. Essa era a grande força dele e é uma força unificadora para todas as pessoas... Isso marcou muita gente. DE facto um dos grandes problemas é, por um lado não se falar da deficiência - para se poder lidar com os problemas é preciso que eles tenham um nome, tanto para nós seus pais, como para eles próprios e para quem os rodeia e por outro lado falar disso afirmando o valor daquelas pessoas para além da sua deficiência. Ninguém é só autista, trisómico, epiléptico, etc... Os nossos filhos que não têm deficiências são, por vezes mais problemáticos que aqueles que a têm. Não há ninguém que não tenha problemas, nem há ninguém que não nos traga algo de importante - se os deixarmos ser alguém.
Para as forças de segurança, bombeiros, padres, médicos, professores e sei lá mais quem com quem nos temos que cruzar na vida, é preciso sensibilizar para isso - aqueles nossos filhos não são uma desgraça, nem são coitadinhos - são gente que pode ter dificuldade de se exprimir, ou exprimir-se de forma diferente e desafiadora da "ordem pública". É preciso ouvir, por vezes com a mediação dos pais, de amigos, de quem for, mas eles precisam de sentir que são ouvidos e nós os pais também.
Gostei muito da sua imagem de 250g de paz! Vamos construí-la para isso precisamos de nos unir, de aprender também a aceitar as diferenças que existem entre nós porque os nossos filhso são todos diferentes. A deficiência atinge-os de forma muito diferente e as capacidades e os temperamentos também são diferentes. Mas são gente importante, gente que nos "obriga" a aprender a escutar e não só a ouvir com os ouvidos e isso é um dos tesouros mais importantes que eles deixam nas nossas vidas e é das coisas mais difíceis nas nossas relações.
Um abraço solidário,
Alice Cabral - caldeiracabral.alice@gmail.com
Se calhar conscencializar professores do ensino recorrente... é um autêntico pesadelo que me tira todas as forças.
Mas pronto.
Beijocas
Enviar um comentário